Descomplicando o Vinho - as Uvas

Para se fazer um bom vinho, classicamente, necessitamos de quatro fatores: solo, clima, uva e o homem. Atualmente podemos incorporar mais um elemento: a Tecnologia.

De todos estes elementos o que menos conta é o homem, uma vez que se a natureza não colaborar em não produzir um bom fruto o homem pouco pode interferir.

Quanto ao solo e clima, esses dois juntos representam a grande importância para produzir um bom fruto. Normalmente se escolhe solo de superfície pobre, pois a uva, uma planta de grande raiz, busca seus nutrientes no sub-solo e quanto maior seu esforço maior sua consistência e melhor sua qualidade principalmente no que diz respeito a concentração de açúcar e minerais. Suas raízes podem chegar a 15 metros de profundidade, daí a necessidade de termos solos, e principalmente subsolo seco, pois solos muito úmidos podem fazer com que as raízes apodreçam.

O clima está intimamente ligado a escolha do solo, uma vez que a videira necessita de estações bem definidas para que concentre sua seiva no inverno (hibernação), a floração na primavera, onde necessita de exposição ao sol para concentrar o melhor dos seus frutos e a frutificação e posterior colheita, no verão. Nesses dois últimos períodos é muito importante a inexistência de chuvas fortes ou geadas.

Da conjunção de solo e clima, surgiu na França o termo “terroir” (lê-se terroar) que não tem uma tradução ao pé da letra, mas que significa a combinação de um microclima, um micro ecossistema que se diferencia da grande região, podendo produzir um fruto único.

Cabe ao homem acompanhar esse desenvolvimento, prevendo a evolução da vinha, verificar a necessidade de podas (seca ou de cachos) e entender o melhor momento para a colheita. Nesse sentido o uso de tecnologia vem sendo muito aplicado, tanto para previsão meteorológica quanto na análise dos frutos, antes da vinificação.

Quanto às uvas, escolhe-se em função do seu produto final: vinhos de mesa ou vinhos finos, e basicamente existem duas espécies – as uvas americanas (vitis labrusca, riparia, aestivalis, cinérea dentre outras) para produção de uvas de mesa ou vinhos de mesa (comuns) e as uvas europeias (vitis viníferas) para produção de vinhos finos de qualidade superior.

Estima-se que existem cerca de dez mil tipos de uvas, no entanto catalogadas podemos contar com cerca de duas mil e dentre essas cerca de cinquenta compõem 80 a 85% dos vinhos feitos no mundo.

Para descomplicar podemos, grosso modo, classificar as uvas de maior para menor peso, ou seja, uvas que fazem vinhos mais encorpados a leves. Nesse sentido coloco a uva tinta Cabernet Sauvignon como a uva Rei e a uva branca Chardonnay como a rainha e aí as que vêm depois fazem vinhos mais leves.

Encontre abaixo as uvas mais cultivadas em todo mundo e algumas das suas características:

Os Tipos de Uvas

Uvas tintas

Cabernet Sauvignon – Responsável pelos grandes tintos de Bordeaux (França), sua terra natal, é o varietal tinto mais famoso e difundido do mundo. Seus vinhos são elegantes e requerem um tempo de envelhecimento para realçar as qualidades. Quando combinada com outras uvas procura-se para amenizar seu bouquet extremamente marcante e trazer um corpo mais redondo. Apresenta vinhos de cor bem escura e profunda.

Merlot – Também originária de Bordeaux, França, onde se fazem os profundos e redondos Pomerol e Saint-Émilion. Quando vinificada sozinha - sem a utilização de outros tipos de uva -, produz vinhos macios, de boa estrutura, aromáticos e de grande elegância, podendo ser consumidos ainda jovens.

Malbec (veja texto especifico) – mais uma uva originária de Bordeaux, tem sua melhor adaptação de cultivo na Argentina, produzindo vinhos vigorosos e encorpados.

Pinot Noir – originária da Borgonha, França, está presente nos mais famosos vinhos do mundo, sendo vinhos ricos e elegantes. Única uva a compor os grandes Bourgognes tintos da Côte d'Or (França). É encontrada hoje em todas as regiões vinícolas do mundo, exceto em regiões mais quentes. Sua maior característica é o aroma adocicado e nível de tanino e pigmentação inferior a outras variedades de uva vegetais e minerais. Dá origem a vinhos frescos e elegantes.

Tannat – originária de Madiran, sul da França, é a principal uva do Uruguai, onde ocupa 30% da área de vinhedos.

Pinotage - Marca registrada da África do Sul, seu aroma característico exibe notas de amêndoas tostadas. Os melhores produtores conseguem elaborar vinhos de longa guarda de excelentes qualidades.

Uvas brancas

Chardonnay – a mais famosa e difundida uva branca do mundo, tem origem na Borgonha (França). Produz vinhos elegantes e ricos em aromas é considerada a melhor para vinho branco fino. É mais ácida no paladar quando usada em Champagne ou no Loire e mais suculenta nos grandes Bourgognes, em que fermenta e amadurece em tonéis de carvalho. A colheita é uma hora crucial para a produção do vinho: ela deve ser colhida no momento certo, pois com o avanço do amadurecimento há a perda de acidez, que é característica necessária para a fabricação destes vinhos.

Sauvignon Blanc – originária da França (Bordeaux e Vale do Loire), resulta em vinhos frutados elegantes e distintos.

Riesling – essa uva alemã produz vinhos de grande qualidade nos doces ou secos.

Semillon – mais uma uva originária de Bordeaux, França, que resulta em ótimos vinhos. Os de uva Semillon são vinhos untuosos e deliciosamente doces.

Gewürztraminer - variação de uma uva chamada Traminer, ela é responsável por vinhos brancos de grande e intenso aroma, normalmente mais alcoólicos, produzidos na Alsace (França), em versões seca ou doce. Produz vinhos muito doces para acompanhar sobremesas.




Postar um comentário

0 Comentários