MÍDIAS SOCIAIS E O VINHO

 Cerca de 30 anos atrás a mídia do vinho era o jornal, a revista, o rádio e eventualmente a TV.

Em 2005 começamos o blog Descomplicando o Vinho, era o inicio de uma nova era, a informação informatizada, a internet ganhando espaço.
Já havia o Orkut a primeira rede social massiva, massiva porque antes dela houve a SixDegrees e a Classmates, redes menores que praticamente não saíram dos EUA. De qualquer forma quando essas redes nasceram a ideia era encontrar pessoas, habitualmente as que não víamos por longo tempo, como colegas de escola, de trabalho, familiares, etc. A próxima onda seria a de conhecer pessoas, muitos até casaram por intermédio dessas redes. 

O fato é que passadas duas décadas as redes multiplicaram, saíram da web foram para os Apps (aplicativos) e ainda viraram nichos. Há redes para dançar, namorar, encontrar empregos e para fazer negócios.

[pode gostar de ler:  Vinho, suas aplicações e seus aplicativos!]

No que diz respeito ao vinho há também apps para avaliação, com notas, preço médio, porém o mais interessante a notar é que a principal mídia do momento, o Instagram, que se apresentava como uma rede social de memórias em fotos e hoje é declaradamente uma mídia de negócios e abrange perfis dedicados ao vinho, sejam representados por perfis que levantam uma bandeira (no meu caso há o @descomplicandovinho) seja por perfis pessoais.

Esses perfis produzem o mais variado e amplo tipo de conteúdo, desde as imagens de vinhos (degustados ou não) até os de humor, passando pelos "especialistas" que postam conteúdo, teoricamente, informativos. 

Claro que não há nenhuma edição, filtro ou curadoria para esses conteúdos, oque faz refletir o que mudou?

Há 30 anos o principal jornalista de vinhos era Saul Galvão, mais especificamente começou como crítico de restaurantes para o jornal da tarde e grupo Estadão, e que pela lacuna histórica passou também a se dedicar aos vinhos. Escreveu (o livro) "Tintos e Brancos" que durante muito tempo foi a bíblia do vinho escrita em português, um livro absolutamente necessário até os dias de hoje.

Surgiram outros nomes até o surgimento da internet, dos blogs e das mídias sociais, para citar alguns temos Jorge Carrara, Jorge Lucki, Marcelo Copello, Ricardo Castilho, Suzana Barelli, até o Ed Motta foi colunista de vinhos da Folha, e por muitas vezes sugeri vinhos a ele. 

Pensando no trabalho desses e de muitos especialistas, que tive o prazer de conhecer, fica pra mim que a mudança se dá exatamente no que me refiro no paragrafo sobre Saul Galvão: dedicação! 

Talvez a grande dificuldade que tínhamos para acessar informação, imagem dos produtos, a falta do Ctrl C / Ctrl V, enfim tudo era feito de forma muito mecânica. Era preciso ler, normalmente em outras línguas, fotos precisavam ser reveladas, mas tínhamos a presença muito mais preponderante. Aprendemos muito com produtores em degustações menores e feiras bastante ricas em termos de produtos e a presença se não do dono da vinícola, o enólogo.

Por outro lado a escassez de informação fazia com que nos cobrássemos mais, liamos praticamente as mesmas fontes e isso era forte|

Obviamente que com a abertura praticamente infinita da pesquisa, a informação é muito mais ampla, espalhada, além das tantas novidades que o mundo do vinho vem trazendo, muitas vezes é melhor contar piada mesmo, criar memes, mas se vai falar de vinhos mesmo, dediquemo-nos.

Enfim o básico não muda, sendo mídia social ou não às vezes só que precisamos do simples bem feito e bem servido!


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