O Vinho na Itália

Uma terra de dimensões vinícolas incalculáveis, uma paisagem inesgotável, além da sua pujança e diversidade. Assim descreveriam os amantes do vinho, que desde antes da Antiga Roma, já bebiam desta maravilhosa bebida.

Onde hoje é a Toscana, os etruscos plantaram as primeiras vinhas, provavelmente com técnicas trazidas da Grécia, para o deleite deste povo que cultuou a tradição.

Hoje, a Itália alterna entre é a maior ou segunda maior produtora de vinhos e figura entre os três países com maior consumo per capta. Mas a sua escalada rumo a produção de grandes vinhos é recente.
Dona de uma enorme dificuldade para organizar seu sistema de classificação de vinhos, face a enormidade de estilos e principalmente por não permitir a introdução de cepas estrangeiras nas sua denominações de origem controlada (DOC e DOCG), a Itália entrou para este cenário mundial há apenas 40 anos, produzindo, no inicio, vinhos mais comerciais, até chegar ao adorados Supertoscanos, Barolos, Barbarescos, Brunellos, Passitos, Espumantes...

Enfim viajar pela Itália e tomar seus vinhos é um prazer indescritível, pois marca muito o retrato de um povo. Seus vinhos são fortes, viris, às vezes, difíceis, mas acima de tudo, alegres.

As Regiões

Na Itália, de norte a sul se faz vinhos e de qualidade. Assim algumas regiões se destacam mais pelo controle e pela quantidade de bons produtos que mantém sua qualidade ao longo dos anos.
Ao norte (NE e NO), Veneto e Piemonte, mas também os excelentes vinhos brancos do Friulli e Alto Adige, passando pelo centro, com sua estrela Toscana, mas também Emiglia Romagna, Úmbria e Abruzzo, e ao Sul, Sicília com seus vinhos de sobremesa maravilhosos além é claro, da Sardegna, Puglia e a Campania.

Há uma grandiosidade e riqueza em cada pequena região produtora, e para “descomplicar”, trataremos, ainda que superficialmente, de quatro regiões: , Toscana, Sicília, Veneto e Piemonte, por entendermos que falaremos de boa parte da produção de qualidade deste maravilhoso produtor de história, cultura e de bons vinhos.

Toscana e Sicília

Toscana - De colinas cobertas de vinhedos da Toscana saem alguns dos vinhos mais reputados do mundo. O clima temperado com boa insolação na primavera e verão e importantes diferenças de temperatura entre o dia e a noite, se alia a um solo propício para a obtenção de uvas sãs, ricas em açúcar e extrato.
Chianti, Montalcino e Montepulciano estão entre as zonas vitivinícolas mais importantes da Toscana, onde as uvas Sangiovese, Canaiolo, Malvasia e Trebbiano têm sua melhor expressão, mas a Toscana ainda reserva um tesouro: a uva Brunello, um clone da uva Sangiovese Grosso, que deve sua fama e história a Ferrucio Biondi-Santi, o idealizador, pioneiro e responsável pelo primeiro vinhedo de Brunello, por volta de 1890.
Vinhos clássicos como Tignanello, Sassicaia, Ornelaia e o raro e grandioso Solaia são alguns exemplos de grandes estrelas da festejada nova fase do vinho da Toscana, os chamados Supertoscanos.

Por incrível que pareça estes maravilhosos vinhos, muitas vezes, ainda são encontrados com a denominação “Vino de Tavola”.

Sicília -  A Sicília é a segunda maior região produtora da Itália. Faz muito calor na ilha e seus melhores vinhos são exemplos de como tirar proveito das condições do clima. Nas partes mais altas e frias também são produzidos os clássicos vinhos de mesa, como o Corvo di Salaparuta, tinto e branco.

Grillo e Inzolia são as melhores uvas brancas, seguidas pela Catarrato, mas a Trebbiano está se tornando bastante comum na Sicília. Os melhores tintos vêm das Calabrese, Nero D’Avola, Perricone e Nerello Mascalese.

A Itália já foi muito conhecida pelo seu Marsala, um vinho branco fortificado, produzido a partir das uvas Grillo (a melhor) Catarrato e Inzolia, é também muito utilizado na gastronomia. 
Existem três tipos: o Fino, o Superiore e o Virgine ou Soleras. Os dois primeiros tipos podem ser secco, semisecco e dolce, enquanto o Virgine ou Soleras, o melhor deles, é sempre branco seco de cor âmbar envelhecido cinco anos em madeira (para o Riserva são dez anos) em sistema de soleras, como o utilizado no Jerez.

Além do Marsala, existem excelentes vinhos de sobremesa sicilianos cujos nomes indicam o tipo da uva utilizada: Malvasia delle Lipari, Moscato di Noto, Moscato di Siracusa e Moscato e Passito di Pantelleria. Esse último, o melhor deles, é feito na pequenina ilha de Pantelleria, ao sul da Sicilia, com a uva Zibibbo (nome local da Moscato), sendo que o tipo Passito é feito com uvas passificadas.

Piemonte e Veneto

Piemonte - Os vinhos do Piemonte são importantes embaixadores da enologia Italiana. Com novos conceitos que vem sendo aplicados nos últimos 10 ou 15 anos, os Barolos e Barbarescos continuam robustos e complexos, mas hoje são mais finos e elegantes. Dão mais prazer de se tomar sem perder suas características, o que é muito importante.

Os vinhos Barolos e Barbarescos são elaborados integralmente com a mesma uva: a Nebbiolo, nas respectivas regiões que explicam as significativas diferenças entre os dois vinhos. Outra uva típica que ressurgiu com brilho é a Barbera.

Novas técnicas de cultura da vinha, rendimentos mais baixos e cuidados na vinificação colocam o Barbera entre os vinhos mais apreciados do Piemonte. Alguns outros tipos de vinhos tradicionais piemonteses continuam representando bem a região, como o tinto leve e agradável, elaborado com a uva Dolcetto. Caso também do Gavi, um dos mais tradicionais vinhos brancos secos da região, e do Moscato com seu sabor adocicado. As uvas internacionais também se adaptaram bem na região, como provam alguns Cabernet Sauvignon em tinto e Chardonnay em brancos.
 
Veneto - Maior região produtora de vinhos DOC na Itália devido, principalmente, aos triviais Valpolicella, Bardolino e Soaves. O Veneto também acompanhou o movimento que se implantou nos últimas duas décadas: a priorização da qualidade! 

O Valpolicella e o Bardolino, que herdam o nome da seu local de produção, são obtidos principalmente a partir das uvas Corvina, Molinara e Rondinella, típicas da região (autóctone).

Há Também o “VALPOLICELLA”, de vinhedos especiais, verdadeiros “Crus”, tem técnicas de vinificação mais sofisticadas, que produzem vinhos mais encorpados e com boa capacidade de envelhecimento.

O Soave, um dos mais conhecidos vinhos brancos secos italianos, é produzido com 70 a 90% da cepa Garganega e complementando com Trebbiano. Da zona do Soave há ainda uma especialidade, o Recioto di Soave, um vinho doce natural de grande conceito junto aos conhecedores, considerado um dos melhores vinhos de sobremesa da Itália e comparado aos melhores franceses.

Um vinho encorpado, considerado o melhor do Veneto, com aromas complexos, de grande longevidade é o Valpolicella Amarone, um vinho de personalidade, cujas uvas ficam passerizando durante 4 a 5 meses, para depois serem vinificadas. Outro vinho típico da região, o Recioto della Valpolicella, é um vinho doce elaborado com uvas escolhidas que passam também por um processo de passerização, muito interessante e característico para acompanhar a pâtisserie na sobremesa.

Recentemente, o Brasil recebeu um outro grande vinho feito em Conegliano-Valdobbiadene, são os espumantes da uva Prosecco. A uva que dá nome ao vinho imprimiu uma marca em termos de espumante, tornando seu produto fresco, aromático e com acidez que cai muito bem ao paladar brasileiro, é um dos vinhos mais vendidos no nosso território.

Vale ressaltar que a escola de espumantes italianos, tem uma estrela:
Feito em uma região entre o Veneto e a Lombardia, na região de Brescia, o "Franciacorta", considerado um “champagne” italiano.

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