Garrafa Aberta?

Na minha primeira viagem aos Estados Unidos, fui conhecer San Francisco. Além de ir a Napa Valley e conhecer toda família Mondavi, procurei entender o consumo de vinho em um país que durante anos teve um consumo muito semelhante ao nosso e que em pouco tempo quintuplicou.  Percebi que além da oferta bem generosa, lojas de bebidas bem espalhadas, praticamente uma em cada rua (que são longas), os bares tinham um serviço que me chamou atenção e deu a compreensão do que viria a se tornar o Descomplicando o Vinho.

Parei em um buteco, minúsculo, pude ver que havia algumas garrafas de vinho abertas dentro de uma geladeira com porta de vidro. Pedi uma taça e puxei papo com o atendente só para saber como eles faziam. Na época tínhamos no Brasil já algumas máquinas chamadas de “Wine Server” importadas justamente da Califórnia, mas ele me disse que aquilo era um exagero, que eles abriam a garrafa, serviam e tampavam com a própria rolha, sem vaco vin, sem nada, um jeito muito simples, despretensioso.  Para mim aquilo bastou para entender que se quiséssemos crescer no consumo tínhamos que tirar o vinho de um “grupo de elite” e transformá-lo em algo trivial.
Efetivamente fazer do vinho um produto do dia a dia.

Evidentemente vi as máquinas de servir em alguns lugares, mas na maioria eles faziam exatamente assim. Os vinhos? Vinhos do dia a dia, sem frescura, garrafa aberta mesmo!

Na volta para o Brasil, uma saia justa, a importadora que trabalhava era quem importava as máquinas, mas escapei ileso, jamais vendi nenhuma. Um tempo depois uma empresa passou a fabricar no Brasil, e eu estava começando um projeto para abrir um restaurante em Florianópolis (não abri), e visitando uma feira em São Paulo meu então candidato a sócio questionou no estande desse fabricante se compraríamos ou não essa maquina, disse não. Mais uma complicação, o dono da fábrica, um conhecido meu do mercado foi atrás de mim e quase me estapeou porque ele não vendeu a máquina. Disse a ele o que pensava e o informei que era sócio do negócio.

A serventia dessas máquinas sempre foram uma incógnita para mim, até que pouco tempo atrás pude formar uma ideia melhor. Quando um estabelecimento quer um serviço “TOP” e colocar vinhos mais caros, controlar as doses, aí se justifica, caso contrário, descomplique!
O que vale mesmo ser investido é no ambiente, uma boa escolha e uma equipe capaz de orientar bem seu cliente.

Sucesso e garrafas abertas!

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